4 igrejas que marcaram a história do Rio de Janeiro

Você conhece a história de algumas igrejas cariocas que já foram também consideradas catedrais?

Aqui na nossa cidade estão instaladas as mais belas igrejas que já representaram as catedrais da nossa cidade, encobertas por história, cultura e muita beleza presente em sua arquitetura. Se você aprecia o dourado das esculturas venha conosco se surpreender ao visitar e conhecer tamanha beleza que envolve essas estruturas.

Te apresento o circuito das quatro igrejas que marcaram a história do Rio de Janeiro.

Tour Virtual Igrejas do Rio – Participe

Igreja Nossa senhora do Carmo da antiga Sé
Abrigou a catedral de São Sebastião de 1808 a 1976 e foi o local onde ocorreu o batizado de Isabel de Bourbon e Bragança (princesa Isabel).

A história da Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé se confunde com a história do Brasil. A Antiga Sé foi o palco de alguns dos mais importantes momentos dessa história, como a coroação de Dom Pedro I e Dom Pedro II, além de cenário dos casamentos reais. A Igreja nasceu como uma pequena ermida dedicada à Nossa Senhora do Ó, construída poucos anos da ocupação portuguesa.

As escavações realizadas durante a reforma feita em 2008 revelaram vestígios de mangue, o que indica que provavelmente ela foi construída muito próxima da areia e voltada para o mar. Ou melhor, como mandava a tradição na época, voltada para Portugal. Quando a ordem carmelita chegou ao Brasil, por volta de 1590, ocuparam as instalações dos beneditinos, entre elas, a ermida, que foi convertida em Capela da Ordem do Carmo.

Em 1619, os frades iniciaram a construção de um convento, ao lado da capela e uniram os dois edifícios por de uma torre com portaria, posteriormente demolida para esticar a Rua Sete de Setembro (a torre agora existente é do século XX, realizada pelo Cardeal Arcoverde). O convento, de dois andares e 13 janelas cada, voltado para a Praça XV de novembro seria ocupado mais tarde, pela Rainha D. Maria. Anos depois, a capela, que estava em estado precário desabou e por volta de 1761, foi construído um novo templo.

O templo atual, da lavra de Mestre Manuel Alves Setúbal, com o nártex já voltado para o mar (a antiga capela, porém, era voltada para o convento). O Mestre Inácio Ferreira Pinto realizou a belíssima talha dourada em estilo rococó. Quanto ao exterior, apenas o primeiro andar da fachada, com os três portais em estilo pombalino lisboeta, é ainda original. Foi essa igreja que, em 1808, D. João VI transformou em Capela Real, quando chegou ao Brasil.

A família real foi instalada no então Palácio dos Vice-Reis, que hoje é o Paço Imperial, e que fica na Praça XV. Até 1976, quando foi inaugurada a Catedral Metropolitana, a Antiga Sé foi a igreja onde aconteceram algumas das cerimônias mais importantes da história do Brasil. Depois da morte de Dona Maria I, em 1816, a igreja ganhou novo sino e nova torre sineira para a aclamação de D. João VI como rei, em 20 de março do mesmo ano.

Mais tarde, em 10 de dezembro de 1822, com a coroação de D. Pedro I como imperador e com o Brasil já independente de Portugal, o tempo passa a ser Capela Imperial. Mais tarde, também vai ser a igreja que acontece a coroação de D. Pedro II, além de todos os casamentos reais, como o da princesa Isabel com Louis Phillippe Gaston d’Orléans, o Conde D’Eu, em 15 de outubro de 1864.Com a proclamação da república, a igreja é remodelada pelo Cardeal D. Joaquim Arcoverde e é inaugurada como Catedral Metropolitana em 1º de maio de 1900. Esplanada de Santo Antônio Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro (Sagrada ao final dos anos 70). Endereço: Rua sete de setembro, 14, Centro – Rio de Janeiro – RJ.

Igreja Nossa senhora do Carmo da antiga Sé

Igreja de Santa Cruz dos Militares

Essa igreja abrigou a catedral de São Sebastião de 1734 a 1737 e passou por marcantes mudanças ao longo da história. No entanto, se mantém firme e forte até os dias atuais.

No ano 1602, Martim Correia de Sá, filho do antigo governador Salvador Correia de Sá, mandou construir uma fortaleza nos arredores da cidade. Fez então um forte chamado Santa Cruz – não confundir com a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói. Martim, que foi o primeiro governante brasileiro nascido no Brasil, era muito preocupado com as defesas da cidade do Rio de Janeiro. Já no século seguinte, a partir de 1703, a Capela da Santa Cruz passa a servir de Sé. Ficou nesta condição por três décadas, até 1733.

Contudo, a Irmandade dos Militares resolveu construir um templo maior. Foi então que em 1780 foi lançada a pedra fundamental da nova igreja, que teve projeto do brigadeiro José Custódio de Sá e Faria. Importante construção na época, as obras ficaram a cargo de Mestre Antônio de Azevedo Santos e os detalhes de acabamento com Mestre Valentim. As obras foram findadas em 28 de outubro de 1811, na presença de Dom João VI.

A proximidade com a Corte não parou por aí. A Santa Cruz dos Militares foi considerada por duas vezes uma igreja imperial. Primeiramente com Dom Pedro I e depois com seu filho, Dom Pedro II, em 1840. Atualmente, o templo religioso segue encantando a cidade do Rio de Janeiro seja por sua beleza ou por sua forte história. Construída entre 1780 e 1811 pelo engenheiro-militar português José Custódio de Sá e Faria, a igreja barroca com influências neoclássicas já chegou a ser considerada Igreja Imperial.

Originalmente ocupado pelo Forte da Santa Cruz, construído à beira-mar pelo governador Martim Correia de Sá no início do século XVII, o local da atual igreja foi unidade militar do Exército Colonial Português. Esse reduto foi se deteriorando com o passar dos anos, e os soldados aproveitaram o local para construir uma capela. Nela, surgiu a confraria dos militares, a ‘Irmandade da Santa Cruz’.

No século XVII, a capela da Santa Cruz serviu provisoriamente como catedral do Rio de Janeiro. Por volta de 1770, a confraria resolveu construir uma igreja mais ampla. Foi então feito um novo templo, com interior em estilo barroco e neoclássico, e exterior inspirado em modelos europeus. Seu arquiteto foi o brigadeiro José Custódio de Sá, que era engenheiro militar.

O interior da igreja foi esculpido pelo Mestre Valentim, o célebre artista nascido em Minas Gerais que deixou diversas obras esculpidas no Rio. No ano de 1840 a igreja sofreu um incêndio, e uma parte desse trabalho se perdeu. Foram feitos alguns reparos, e, no início do século XX, novamente a igreja foi danificada pelo fogo. Mas, dessa vez, o altar principal foi refeito, com base no desenho original. Ao longo de sua história, essa igreja foi frequentada pelos maiores nomes da história militar brasileira, muitos deles membros da Irmandade da Santa Cruz.

Dentre estes destacam-se o General Osório, o Duque de Caxias, o príncipe regente D. João e o imperador Dom Pedro I. As missas acontecem às segundas, quartas, sextas-feiras e sábados às 12h. Cerimônias religiosas individuais podem ser marcadas pessoalmente ou pelos telefones (21) 2506-7600 e (21) 2506-7605. Localizada na Rua Primeiro de Março,36 – Centro, Rio de Janeiro.

Igreja das irmandades negras do Rosário e Benedito

Abrigou a Catedral de São Sebastião entre 1737 e 1808. A adesão de um escravizado a uma irmandade não estava somente relacionada à sua fé e à devoção aos santos. As celebrações vinculadas às igrejas eram os poucos momentos de liberdade em que os escravizados podiam agir e se ver “fazendo parte daquela sociedade”.

A antiga Igreja de São Sebastião no Morro do Castelo já abrigava em suas dependências, as confrarias de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, quando ocorreu a unificação das duas instituições em 1667 que passou a se denominar Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos.

Em 1684, a Igreja de São Sebastião foi designada Catedral da cidade, tal resolução provocou desavenças entre o Cabido e a Irmandade que resolveu abandonar as dependências daquele templo, ainda que não possuíssem uma Igreja para abrigá-los.

Em 1708, graças à doação feita por Francisca Pontes, a Irmandade ganhou um terreno, situado à Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana para se instalar. Teve início a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Em 1737, suas obras já estavam praticamente concluídas e desde o ano anterior, ofícios religiosos ali se realizavam. No período de 1737 até 1808 a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, sediou a Catedral, para ali transferida em virtude da ruína da Igreja de São Sebastião, do Castelo.

No período em que foi utilizada como Catedral, aí foi batizado o Padre José Maurício. As dependências do consistório da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito foram utilizadas em períodos destacados de nossa História, ali foram realizadas diversas Seções do Senado da Câmara às vésperas da Independência, aí também foi redigida a representação popular que culminou no “Dia do Fico”.

No período de 1830 a 1861 o consistório da Irmandade foi utilizado para as reuniões ordinárias da Imperial Academia de Medicina. No templo repousam os restos mortais do Mestre Valentim. A igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito conserva nos dias atuais a portada setecentista de lioz, mas o seu interior, antes guarnecido com decoração barroca, foi totalmente destruído num incêndio em 1967, foi reconstruída e reaberta ao público em 1969, depois de um período de obras projetadas pelos arquitetos Lúcio Costa e Sérgio Porto, preservando-se ao máximo os espaços internos, já que todos os elementos decorativos se perderam. Endereço: Rua Uruguaiana, 77, Centro – Rio de Janeiro – RJ.

Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro
Uma grande área planificada surgiu no Centro da Cidade do Rio de Janeiro na metade do Século 20, tendo sido resultante do desmantelamento ou arrasamento quase total do Morro de Santo Antônio. Nesta esplanada foram abertas a Av. República do Chile e Av. República do Paraguai, tendo ao longo das mesmas inúmeras construções monumentais.

A área foi ocupada inicialmente e em sua maior parte por edifícios estatais, como o Edifício da Petrobrás, Edifício do antigo BNH e BNDES, erguidos nos anos de 1970, época do chamado “milagre econômico brasileiro”. Parte da área chegou a ser chamada ironicamente de “triângulo das bermudas” em função dos 3 grandes edifícios que consumiram enormes somas de dinheiro.

Nos anos de 1990 e anos 2000 houve uma retomada de construção de grandes edifícios comerciais, ao longo da Av. Chile, no trecho mais próximo à Rua do Lavradio. Outra grandiosa obra construída no local é a Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, principal igreja da cidade.

O projeto foi elaborado pela Secretaria Municipal de Obras em 1966 e foi inaugurado em setembro de 1974, é um dos prédios mais atraentes do centro do Rio. Com formas especiais, o local tem uma longa e bela história para contar. A Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro e a nova Sé ou principal igreja da Cidade.

Foi inaugurada em 1976, quando esta substitui a Igreja do Carmo ou antiga Sé na Praça XV de novembro. Esta grandiosa igreja em estilo modernista brutalista (ou seja, em concreto aparente) é muitas vezes confundida pelos não avisados com um enorme balde de concreto de cabeça para baixo. Mas em termos arquitetônicos pode ser descrita como um grandioso volume de tronco de cone, com fechamento por prateleiras ou escamas inclinadas de concreto entre vigas e septos igualmente de concreto aparente. Existem boatos que o formato de “balde de cabeça para baixo” foi inspirado nas naves do projeto Apolo, mas a lenda urbana mais interessante versa que o arquiteto que a projetou sempre sonhava que um enorme balde com água benta cairia sobre a cidade do Rio de Janeiro.

Quando o arquiteto teve oportunidade de apresentar um projeto, este seguiu seu desejo onírico, e projetou a catedral em formato de um grande balde de concreto de cabeça para baixo, para simbolizar que toneladas de água benta foram jogadas por sobre a cidade Como é perceptível externamente, a planta ou piso do templo tem formato circular, com dimensões de 106 metros de diâmetro e contando com 96 metros de altura. Segundo comentários de estudiosos da arquitetura, a igreja tem influências do Concílio Vaticano II, que dá diretrizes para a arquitetura religiosa, tendo capacidade para 20 mil pessoas.

A Catedral de Brasília e Catedral de Manchester na Inglaterra, são igrejas que igualmente seguiram estas diretrizes. Adjunto às instalações da Igreja, no subsolo, existe também um Museu de Arte Sacra. Endereço: Av. Chile 245, Centro – Rio de Janeiro – RJ. Horários de Visitação Sugere-se telefonar confirmando, pois estão sujeitos a mudanças. Missas: Ocorrem de segunda à sexta às 11 horas e aos domingos às 10 horas. Museu de Arte Sacra: Diariamente das 7 às 17:00 horas Arquivo da Cúria Metropolitana: Se segunda à quarta feira, das 16 às 17 horas. Telefone: 2240-2869.

Aqui na Sou+Carioca realizamos vários passeios onde visitamos as igrejas, contamos suas histórias e curiosidades. Clique aqui para ver todos os passeios que temos programado para esse mês.

Este texto foi escrito pela nossa estagiária Marcia Cristina.