O dólar começou o mês de maio operando em forte alta, após quatro meses seguidos de valorização da moeda frente ao real, diante de tensões políticas domésticas e de uma nova disputa entre Estados Unidos e China, relacionada à origem do vírus.
Às 11h01, a moeda norte-americana era vendida a R$ 5,5703, em alta de 2,40%. Na máxima até o momento, chegou a R$ 5,6123. Veja mais cotações.
Desde o início do ano, a moeda acumula alta de 35,66%. Em abril, a valorização acumulada ficou em 4,69%.
Nesta segunda-feira, o Banco Central faz leilão de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em setembro de 2020 e janeiro de 2021 para rolagem.
Tensão EUA x China
O presidente do EUA, Donald Trump, e o secretário de Estado, Mike Pompeo, aumentaram as preocupações com novos esforços para culpar a China pela pandemia, onde acredita-se que o surto do novo coronavírus tenha se originado.
Após Trump ter ameaçado na semana passada impor mais tarifas sobre a China, Pompeo disse no domingo que há “evidências significativas” de que o novo coronavírus teria surgido de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan.
“A intensificação dessas tensões (entre EUA e China) ocorre em um cenário no qual prevalecem as preocupações em relação ao PIB global”, disse o Bradesco em boletim diário. “Assim, o dólar se fortalece, ao passo que os mercados acionários operam em queda e os contratos futuros de petróleo voltam a recuar.”
Crise no Brasil
Por aqui, segue a tensão política, depois que o presidente Jair Bolsonaro voltou a participar, no domingo, de uma manifestação antidemocrática e inconstitucional em Brasília contra o STF e o Congresso.
Em discurso aos manifestantes, o presidente – num tom de desafio aos demais poderes – pediu a Deus para não ter problemas esta semana porque, segundo afirmou, chegou ao limite. Ele não esclareceu o que isso significa. Manifestantes hostilizaram a imprensa e agrediram com chutes e pontapés a equipe de jornalistas do jornal ‘O Estado de S.Paulo’.
“Bolsonaro segue apoiando manifestações contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, estressando ainda mais as relações entre os poderes. Isso pode agregar à pressão de baixa sobre o real”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.
As declarações de Bolsonaro ocorreram após o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes suspender a nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, em decisão liminar, citando possível comprometimento do indicado, que tem relação de amizade com a família de Bolsonaro. Nesta segunda-feira, o presidente nomeou ao cargo Rolando Alexandre de Souza, braço direito de Ramagem.
Segundo levantamento feito por Rostagno, “77% da variação da queda do real (em abril) veio de fatores domésticos”. “Isso mostra o quanto esse ambiente político turbulento está afetando a moeda brasileira.”
Já nesta segunda, os economistas do mercado financeiro reduziram outra vez a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e, também, sua estimativa para a inflação – que passou a ficar abaixo da marca dos 2%.
Para o PIB de 2020, a expectativa de redução passou de 3,34% para 3,76%. Essa foi a décima segunda semana seguida de revisão para baixo do indicador.
Além disso, os analistas dos bancos também passaram a projetar um corte maior da taxa básica de juros no decorrer de 2020 e elevaram para R$ 5 a previsão para o dólar no fim deste ano.
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Cotação do dólar – 30.4.2020 — Foto: Economia G1